Computadores usados viram opções de compra e venda em tempos de isolamento social

28 de Setembro de 2020

Diz um provérbio oriental que "Bons tempos criam homens fracos e homens fracos criam tempos difíceis, mas tempos difíceis criam homens fortes e homens fortes criam bons tempos."


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¹ Nayrlan Clayton Barbosa 



Se analisarmos que, em meio a um período onde prognosticou-se a completa e total depressão de mercado e criou-se uma nuvem de incertezas quanto ao futuro, o surgimento de ideias inovadoras que se adaptaram aos tempos modernos fizeram com que o provérbio acima tenha sua moral comprovada.


Desde a segunda quinzena de março, com a decretação da necessidade do distanciamento social, a jovem Laislan Nargelle Silva, estudante do curso de Engenharia De Sistemas pela Unimontes resolveu empreender se valendo do que se tornou a maior necessidade durante a pandemia: computadores.


Desde o início do período de isolamento social, onde a comunicação à distância via internet se tornou imprescindível, os preços de celulares, tablets e notebooks elevaram-se em acordo com a lei de oferta e procura, principalmente entre alunos de escolas públicas e particulares. Segundo a equipe de Business Intelligence  da plataforma zoom, os computadores sofreram aumento de até 32% desde a primeira semana de Março até o início de Julho de 2020.


Vários destes estudantes tiveram dificuldades para adquirir produtos novos comprados nas lojas de eletrodomésticos, em função do preço.


Observando este nicho aquecido do mercado, Laislan aliou-se ao colega de curso Henrique Lopes e juntos, resolveram comprar equipamentos sucateados, adquiriram peças usadas ou semi-novas e montaram computadores que pudessem estar acessíveis a preços módicos.


“Nós utilizamos plataformas de venda (como OLX ou Mercado Livre) para adquirir as sucatas e na sequência compramos peças e repositores do mercado chinês para a montagem do computador” explica Nargelle.


Os resultados alcançados foram surpreendentes. Em menos de um mês, eles conseguiram a venda de 3 unidades que saíram, cada uma, em média, por menos de 600 reais, atendendo tranquilamente a quem precisasse acessar a internet ou participar de vídeo-aulas pelos aplicativos de videoconferência.

Com o dinheiro da venda das três primeiras unidades eles adquiriram mais sucatas e mais peças de reposição para disponibilizar os computadores a quem precisar. Utilizando as plataformas sociais, eles já conseguiram novas encomendas e agora, com o custo investido zerado, começam a colher o lucro do negócio.


"A gente sabia que as pessoas iriam precisar de notebooks pra acessar a internet e também sabia que muita gente não ia ter dinheiro pra comprar. Entramos nesta fatia do mercado e graças a Deus as coisas estão funcionando muito bem até agora" finaliza Nargelle.


A expectativa é que com a instalação do que está sendo apelidado de "Novo Normal" o número de prováveis clientes aumente, uma vez que utilizar o computador de maneira virtual ou por acesso remoto deve continuar sendo a tônica de vários empregadores. Com isso é possível que uma nova área possa ser explorada e seja possível empreender com mais afinco de fato, transformando uma necessidade momentânea em produto de consumo.


¹ Jornalista, locutor e apresentador de programa televisivo.